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Em  toda  parte

Lampião

Fotografia: Leonardo Reis e Daiana Almeida. Mercado Central de Fortaleza

Era meio dia, quando conseguimos conversar com ele. Roberto, 29 anos, natural de Juazeiro, na Bahia, veio de lá só para atuar nas calçadas de Fortaleza e do Ceará. Não o avistamos de início, só quando ouvimos o barulho dele ao longe. Algo como um som de apito saía da boca dele. Não falava. Eram só aquele sons.

 

Formado em teatro em sua terra natal, apresenta-se de forma itinerante em vários espaços e chama bastante a atenção do público. No dia em que o entrevistamos, o espaço estava cheio de pessoas e o mercado estava lotado de turistas. Foi bastante difícil entrevistá-lo, assim como foi com outros artistas deste especial.

 

Como uma estátua de prata no meio do Mercado Central, vestido como Lampião, Roberto em instantes virava uma estátua viva e muitas das pessoas que passavam por ali olhavam para aquele homem com uma caixinha ao lado, pedindo colaboração. Quando alguém colocava alguma moeda naquele depósito, o Lampião petrificado saia de seu momento estático e começava a apitar. Um som um tanto quanto ensurdecedor de tanto barulho, porém engraçado. Aquilo era uma parte da sua arte, do seu show.

 

A platéia e o ator


Fotografamos aquele improvável Lampião e as pessoas que paravam para admirar tudo aquilo. Tinha que ser em Fortaleza, um cangaceiro todo prateado com uma voz estridente. No começo ele queria dar a entrevista com aqueles sons esganiçados, o que não facilitava o entendimento. Quando ele começava a falar, não conseguíamos nos segurar e caíamos na gargalhada! Não era comum um timbre de voz agudo daquele sair da boca de um Rei do Cangaço (mesmo que aquele rei estivesse pintado de dourado em cada centímetro do corpo).

O que era arte para ele? A resposta foi linda: “A arte, em si, é vida. Tudo que você faz com amor, você tem não só o dinheiro, mas também a gratificação das pessoas. O sorriso e a alegria que as pessoas transmitem são o melhor que há”. Uma entrevista incrível que começava com uma simples pergunta.

 

Roberto falou da sua família e sobre como eles apoiavam o que ele fazia para sustentar-se. Perguntamos o que ele sentia quando pensava na sua profissão.“Sabe, eu amo o que eu faço! Pretendo fazer isso para o resto da minha vida”, diz Roberto.

 

Sonhos podem ser apenas sonhos, mas Lampião como o intitulamos falou de seus sonhos e de como eles se tornaram objetivos de vida para ele.“Acho que um sonho que eu tenho é ir para a Europa”, disse

 

Foi bem tocante todo aquele esforço que ele passou, passa e ainda vai passar em sua trajetória de vida mais artista desta vasta imensidão de arte de rua.

Por Leonardo Reis

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